vamos descer até não restar nada.
saltar, deixar a gravidade provar-se.
mexer o ombro em desconforto,
enfim, vamos ser uma pestana
resvalante
da pálpebra
para a íris.
Estou farto de pensar que não posso ver o desconforto,
e tudo o que dele nasce.
De ver o bom nas palavras pestilentas
amantes que enchem o fundo da fotografia
de uma orfã que conta os grãos de areia.
don't go and lose your face/ at some stranger's place / and don't forget to breathe / and pay before you leave / lay me down to crawl
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Quem diria que um dia voltava a ver raquel.....
Num dos muitos tons de cinzento espremi uma expressão de surpresa desfeita. "Tu vais passar a tua vida com esta pessoa". Como quem aponta o óbvio erro entre números sequenciais, percebi pelo teu esgar na sua direcção, trovão que rebate na terra e treme a revolta electrizante nos poros da pele.
E que cara de lhe adivinhar os lábios e suar lágrimas no peito da sua morte...tantos capuletos e montéquios. Como o que eu senti em tempos. Essa cara que me pediste emprestada. Atravessaste a rua como se o que fomos se tornasse um "vai ficar para outro dia". E perdi tudo.
E que cara de lhe adivinhar os lábios e suar lágrimas no peito da sua morte...tantos capuletos e montéquios. Como o que eu senti em tempos. Essa cara que me pediste emprestada. Atravessaste a rua como se o que fomos se tornasse um "vai ficar para outro dia". E perdi tudo.
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segunda-feira, 18 de novembro de 2013
réve
Descansa em mim, já que calho embrulhado na tua voz e sou fácil de deitar fora.
Deixa-me as chaves e o comando, os miúdos não vão a lado nenhum.
Brota como um botão de cerejeira, explosão em câmera lenta, grávido de esperança.
Regressa ao teu lugar pálido com feridas de luta,
eles não fogem,
prometo,
eu guardo-os,
prometo,
prometo.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Go to sleep
a melhor banda em actividade (ponto)
Vou dormir,
Tenho que ir dormir
porque
sinto que alguma
coisa vai correr mal
aqui dentro
no núcleo
que tudo governa
e tudo sente
e comanda a estupidez dos afectos
e a preguiça nos dias
e diz que as queimaduras doem.
Vou dormir,
senão os meus pulmões intimidam
os bronquios
e engolem a traqueia
e deixam-me a espernear
porque
ainda
não disse
tudo.
Tem de ser
tem de ser,
tenho de dormir
agora,
para poder gozar
o escuro
e deixar os braços cair
ao lado
e correr atrás
de um sonho
e sentir o coração
no ouvido.
respirar conscientemente cansa.
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Picoas
Tive um sonho com uma locomotiva que parava para quem queria entrar, porque o pó e as migalhas também têm o seu orgulho.
Era uma carruagem cheia de corações partidos, olhares esquisitos que queriam a mesma coisa.
Ele disse: "eu não quero passar a viagem calado nos lábios de outra pessoa. Parem de escrever e falem comigo."
E os gritos entraram como percussão através das cordas, as lágrimas no meu lenço não eram minhas, estou entre os meus.
Valeu a pena ser fecundado neste universo estéril.
Era uma carruagem cheia de corações partidos, olhares esquisitos que queriam a mesma coisa.
Ele disse: "eu não quero passar a viagem calado nos lábios de outra pessoa. Parem de escrever e falem comigo."
E os gritos entraram como percussão através das cordas, as lágrimas no meu lenço não eram minhas, estou entre os meus.
Valeu a pena ser fecundado neste universo estéril.
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