"Estávamos entre dois copos, e eu não te conhecia, só achei que tinha de ser sorte estares sozinha. Pá, lá comecei a falar, não não me lembro muito bem do quê, sei que chegou a altura de pedir mais duas. Paguei, como o meu irmão me ensinou. Ele disse-me que era bom começar assim, e que os homens andavam sempre do lado da estrada. Foi mais por hábito do que por outra coisa, estás a ver? Então agradeceste-me - não rias!- e lembraste-me que um puto não podia pagar uma bebida tão à descarada. Tu ainda não sabias, mas eu estava mesmo a prever isso quando te respondi, e deve ter corrido bem, porque lá foste falando comigo, apesar de todas as dicas que já deves ter ouvido nos bares. Eh pá, e tu sais-te com a conversa das Ficções do Borges e a partir daí não podia parar mesmo que quisesse."
"Ah, então foi assim que acabámos aqui. Pois, percebo. Olha, foi muito bom, mas se calhar ficamos por aqui. Já são umas três, ou assim, e amanhã trabalho..."
"A gente vê-se pelo bar então."
"É isso. Assim não conversamos logo tudo."
"Foi giro. Talvez estar com um puto não seja assim tão mau, de vez em quando."
"(risos) Talvez não, talvez não..."
"Vá, beijinho"
"Vá..."
O "been trying to meet you" por acaso tiraste da música Hey dos Pixies? Para além de ser das minhas músicas preferidas resume bem a minha vida sentimental. Toque de classe.
ResponderEliminarTirei sim, pulha, bom olho! É uma frase completamente magnetizante, que contribui, e muito para o que essa música é. Reparei, também, por acaso, que temos uma etiqueta em comum: "i like my town with a little drop of poison", do Tom Waits. Uso muito este tipo de etiquetas, a música é tudo e tem esta relação tão profunda com a escrita. Virá aí, em breve, o tal post "Amor Mossad"!
ResponderEliminarAbraço.