São seis da manhã,
em guerra com o bolso,
procuro o tabaco e pondero um café.
Pronto a afagar o monstro que mora no meu caderno,
até passar por uma,
duas
fotografias tuas,
e rabiscos de noites em que o amor molhava a sala.
E penso no teu delicado sentido de mau gosto,
nos nós morenos dos teus dedos,
na tua cara torcida em desilusão,
mil imagens que não posso revelar.
Faço o café para não perder este momento
de contemplação e memória,
nostalgia pouco adulta,
distante,
lá num canto,
um papel amachucado sobre a mesa de cabeceira.
Noutros tempos, saías-me do fígado.
Explica-me
esse processo longo de metamorfose
que te viu tornar em filme de domingo à tarde,
quando partiste de ansiolítico.
Há metamorfoses que nos doem a nós em vez de doerem ao objecto de metamorfose!
ResponderEliminarBeijinhos Marianos, Le Baladeur! :)