terça-feira, 11 de novembro de 2014

Nos Buracos

Acordo mal descansado,
naquele momento em que o dia se faz dia.
som de fundo irrompe no transe das nuvens.
Dormi por horas na minha casa, a terra minha cama.
No risco de um isqueiro,
no frio de um buraco,
cavado por corpos agora frios.
Assobios.
Noutro tempo diria que eram pássaros,
hoje é metal incandescente.
Alguém fala alto e sinto as chapas no peito,
a sujidade nas mãos.
Há sangue. Não é o dos meus cortes superficiais, é o sangue profundo, de membros,
de alma.
"Dá-me um cigarro". Chega o cigarro amarrotado. Há poucos.
Como se não te deixassem morrer aos poucos.
Inspiro. Expiro.
Não há homens.
Há nostalgia.
Há memória.
Há tudo
menos homens, nos buracos.

2 comentários: