Se dos passos se sentem os deuses, estejam eles onde estiverem, e para todos o mundo for manso como como as riscas da calçada, o fundo do mar é apenas no fundo.
A cada um de nós é dada essa perene sensação de quem canta. Sobretudo a quem se traduz nos becos das suas cidades.
Noutro dia não vai haver esse musgo no chão, nem os sotaques da comunidade pelo ar. É sempre melhor pensar no anonimato como um pardal nos quiosques. É essa a história da vida de quem se dissolve. Não vejo o mal nisso, não vejo a pele irritada das lágrimas secas, nem o nariz vermelho ou as pressões sobre a têmpora.
Pensem nisso como um quadro branco com as texturas de uma frase que só se consegue ler com luz negra. É inevitável que quem o note se sinta particularmente sensível aos acasos da continuidade estelar que teima em oferecer-nos músicas em que já estávamos a pensar antes de, à primeira estação sintonizada, a ouvirmos ser reproduzida. Outro exemplo disso mesmo é a pessoa que ocupa os nossos pensamentos invadir a caixa de mensagens com o "bom dia" dos dias frios, mas bons.
Nesse sentido, uma passada calma e o olhar devem ser apreciados como se de desabrochares perfeitos se tratassem. Uma segunda vez isto não se passará e poderá depender do humor com que se acorda ou do primeiro inspirar da manhã. As sensações perenes que que falava são como vultos e têm pernas lestas, que muitas vezes desaguam em rios pesados de correntes independentes.
Prometo que me deixas hoje desfeito como num delta se virares à esquerda e evitares esta rua.
Sem comentários:
Enviar um comentário