"Como minha primeira medida enquanto Rei, declaro que vamos construir uma torre. Uma torre tão alta que chegará aos Jardins Prometidos de Deus, onde nos prostraremos perante a sua omnipotência e viveremos no ócio até ao final dos dias."
Foi um longo caminho, até aqui chegar.
No princípio, éramos quatro. Eu, a minha mulher e os nossos dois filhos.
Quando no meu corpo encontrei o dobro das cicatrizes, decidi que precisávamos de ser mais para sobreviver, e então convenci outros a juntar-se a nós.
Crescemos em número, sem que isso colocasse em perigo a nossa mobilidade enquanto grupo. Vivíamos uma vida nomádica e feliz, até encontrarmos povos mais desenvolvidos, estabelecidos de forma permanente em pedaços de terra a que chamavam seus. Desbastaram florestas e mantinham os perigosos animais afastados dos seus locais de repouso, mas não da ponta das suas lanças. Fizemos um pacto com eles e juntámo-nos à sua pequena, mas vibrante sociedade.
O nosso clã cresceu e tornou-se poderoso. Aprendemos a cultivar. Ensinamos diligentemente a cuidar do gado e montar a cavalo. No final desta adaptação, e com a anexação de outros clãs, tornámo-nos numa grandiosa sociedade que já não tinha como objectivo a sobrevivência apenas. Os problemas diversificaram-se e complexificaram-se. Todos tínhamos opiniões diferentes e, como resultado, problemas internos de difícil resolução que perturbavam nitidamente a vivência diária.
Resolvemos eleger um Rei.
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