e dois comprimidos (que são vinte, mas shhh) deslizam
na garganta,
sabor a frutos exóticos e
a lar longe de lar: o mundo afogado,
confortos vazios.
Estou a 9 milimetros de mim, olho
de cima. Afago a minha cara:
"mereces."
De repente, pânico.
O horror, o meu pai espojado
sobre o mogno frio
da minha caixa num lugar
sem cor,
o meu irmão,
olhar louco,
o desgaste,
a imagem de si comigo ao colo,
a minha mãe - tão longe daqui "o meu pai?",
pergunta repetida.
Volto de susto,
agarro o maxilar que afagava.
Vómito.
Azia.
Dorme, Miguel.
Amanhã é dia.
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