O que eu faço é assassinio. Eu, e eu só, mato tudo o que lhe resta na cabeça, mutilo qualquer pedaço de humanidade que lhe reste. Dia-a-dia, eu roubo-lhe um passado que ela guarda com as unhas, com toda a vontade e desespero, com os dentes, com a vida. E eu, num deslizar mal pensado de língua, tiro-lhe tudo, tudo o que ela foi, animalizo-a, minimalizo-a, e ela torna-se na mobilia da casa que me matou a mim.
Eu só queria mais um segundo são com ela, só queria mais um instante dela para me lembrar, para não repetir, para guardar sempre, aqui tão próximo, infinitamente longe.
Só mais um monólogo de queixas acerca da vida que nos maltrata, da vida que nos polui, que nos assalta, tudo isto num sofá confortável, sobre a mesa velas aromáticas e no seu corpo roupas de seda.
Só mais um instante de medos de uma vida terrível sem a ter.
Apenas mais um. Apenas uma merda de um cigarro com a minha mãe.
don't go and lose your face/ at some stranger's place / and don't forget to breathe / and pay before you leave / lay me down to crawl
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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Maria
Cedo marcou os pontos estelares e inventou bonitos quadros de desejo, raiva e mentira.Não imagino melhor.
Quase parado, absolveu-se e fez nascer um novo dia.
Cores vibrantes, mortas. Um quadro sobre o Paraíso. Mas não estava lá ele, não estava lá.
Estava apenas uma sombra escondida, de cadeira de rodas, a ver o nascer do sol. Já que ele não o merece, que vá para lá quem por ele sofreu.
Ele, que acolheu as suas esperanças e lugares-comuns, e os guardou entre a cabeça e o peito, por precaução.
Agora, alheada ao mundo, olha todos através de uma clarabóia, ou vê o mar, aos fins de semana. Sonha com cores conhecidas, familiares, espelhadas numa onda de proximidade.
Hoje, mais do que nunca, sinto falta de quem não recordo.
Mas o odor não desaparece.
Quase parado, absolveu-se e fez nascer um novo dia.
Cores vibrantes, mortas. Um quadro sobre o Paraíso. Mas não estava lá ele, não estava lá.
Estava apenas uma sombra escondida, de cadeira de rodas, a ver o nascer do sol. Já que ele não o merece, que vá para lá quem por ele sofreu.
Ele, que acolheu as suas esperanças e lugares-comuns, e os guardou entre a cabeça e o peito, por precaução.
Agora, alheada ao mundo, olha todos através de uma clarabóia, ou vê o mar, aos fins de semana. Sonha com cores conhecidas, familiares, espelhadas numa onda de proximidade.
Hoje, mais do que nunca, sinto falta de quem não recordo.
Mas o odor não desaparece.
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Ghosts and Flowers
Porque todos os fantasmas são jardins inacabados a quem falta a rosa.
E todos os canteiros polvilhados a arrependimento, marcados pelo fim precoce, antes do florescer.
E, para todas as sementes, água a menos, vida por pouco.
Arrancada no ponto, beijada por menos, emoldurada e protegida demais, como uma qualquer obra-prima.
Frente à televisão que fala para ninguém, um pensamento que não se conclui.
Os fantasmas de quem deixou o conhecimento para logo.
E um poema natural dedilhado nas cordas de uma guitarra gasta.
Eles suspiram na noite. E esses mesmos canteiros arrependidos florescem agora, porque eles passeiam na noite, ora clara, ora escura, beijando tudo e respirando todos, fazendo o que lhes apraz.
Adormecer abraçando o véu.
E acordar na felicidade eterna.
E todos os canteiros polvilhados a arrependimento, marcados pelo fim precoce, antes do florescer.
E, para todas as sementes, água a menos, vida por pouco.
Arrancada no ponto, beijada por menos, emoldurada e protegida demais, como uma qualquer obra-prima.
Frente à televisão que fala para ninguém, um pensamento que não se conclui.
Os fantasmas de quem deixou o conhecimento para logo.
E um poema natural dedilhado nas cordas de uma guitarra gasta.
Eles suspiram na noite. E esses mesmos canteiros arrependidos florescem agora, porque eles passeiam na noite, ora clara, ora escura, beijando tudo e respirando todos, fazendo o que lhes apraz.
Adormecer abraçando o véu.
E acordar na felicidade eterna.
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